17 setembro, 2016

Tô atrasado

Que tal exercitar o pensamento num de dia de sol escaldante, sem nuvem no céu, com os olhos ardendo e suor escorrendo no rosto. 

A estupidez embaça a mente. 

É hora de levantar-se! 
A dúvida: é chegada a hora? 
Vale o esforço? 

Então, de repente surge um mendigo de olhos verdes, pele clara, cabelos loiros, vestido num terno branco com sandálias de dedos e bolsa a tiracolo que a passos lentos passa perto de você. 
Tornou-se regra na cidade. 
Você o ouve, mas não se surpreende. 

O mendigo diz em bom tom: “tô atrasado!”

Vídeo_Música: 
Do the Evolution_Peral Jam
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17 de Setembro de 2016.

A grande preguiça

Continuas de cabeça para baixo. 
Sentes vontade de continuar trepado na árvore. 
O tempo esfria. 

Cais num estado de torpor letárgico. 
Aumenta-lhe vontade de ficar assim para sempre. 

Começa a achar que isso seria muito bom.
Vem-lhe a ideia de largar a presidência da empresa.
 Logo lembra-se do luxo adquirido rápido nestes curtos 6 anos de vida profissional. 

Uma meteórica carreira! 

Traçada desde o primeiro dia que pôs os pés na companhia, expondo ideias às pessoas certas, nas horas certas. 
Rendendo-lhes amizades e reconhecimento. 
Tudo convertido em promoções, além de convites e mais convites para assessorar outras grandes empresas privadas. 
Odiava ter de cumprir horários, participar de reuniões, ir a compromissos. 
Mas não havia outra chance de vida. 
Ou era assim ou voltava ao padrão de vida anterior: sem carro, sem casa, sem dinheiro.
 Sem quase nada!

São 6 horas da manhã. 
 Sentes sede. 
Bebe a água do orvalho matinal. 
Não se dá conta disso. 
Estás com fome. 
Come algumas folhas.
 Percebes que estás sem dentes. 
Sentes vontade de ir à cozinha para tomar aquele farto café da manhã que estás acostumado, e só depois disso decidir o que fazer, pois bem sabia que trepado naquela árvore não chegaria a solução alguma.

Recorda-se de já ter desejado, e decidido, não colocar nenhum implante quando, no avançar da idade, os dentes começarem a cair. 
Aceitaria ficar banguela, numa boa. 
Mas isso já faz algum tempo, foi na última vez depois de ter sentido a terrível dor acarretada por uma cárie.

Mais uma vez seus sonhos parecem virar realidade. 
Mas os sonhos nem sempre são realizáveis.

Na vida real, acordado de todo, diminui-lhes a possibilidades de pôr ordem e tranquilidade no que depende da sua vontade. Sentes que é impossível continuar a viver. 
O pensamento de desprezo à sua vida torna a aparecer depois de haver desaparecido. 
Desejas morrer. 
Não tens coragem para se matar.

A expectativa de acontecimento de algo reconhecidamente apto a satisfazer suas necessidades são nulas. 
Mas apenas uma coisa o mantêm vivo. 
Por isso não se enraivece. 
Esperarás silenciosamente. 

Tens a convicção íntima da possibilidade do juízo final.

Vídeo_Música: 
The Robots_Kraftwerk
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17 de Setembro de 2016.

15 setembro, 2016

O despertar

Imagine-se num verão, em sua casa num condomínio afastado do centro de uma cidade praiana. 
Para você o pior momento da vida é o ato de despertar e ter que levantar da rede postas entre duas árvores colocadas no quintal arborizado. 
Todas as vezes a mesma sensação o persegue, não sente-se dono do próprio corpo.

Nesses momentos preferiria ter nascido um animal selvagem sem responsabilidade e ficar ali parado até quando percebesse uma real necessidade de fazer algo. 
E isso é recorrente. 
Seus sonhos se tornaram pesadelos.

Numa manhã, depois de um sono mais agitados que os anteriores, viu seu desejo se tornar realidade: agora você é uma enorme preguiça de oitenta quilos, com dois metros de altura, trinta centímetros de cauda, com três grandes dedos em cada pé e com unhas bastante grossas compridas e curvadas.
Assustado grita: “vixe maria, e agora?”, mas não ouve a voz sair nem a boca se mexer.

Agora você está de cabeça para baixo trepado numa das árvores visualizando a casa cujo número é 666. 
Vê o laptop ali no chão e isso o fez lembrar da pesquisa da noite anterior sobre o fim do mundo e, também, de ter se inspirado e digitado um texto no qual se imaginou no ano 6666 cara a cara com a besta do apocalipse.

Achou tudo aquilo uma tremenda baboseira e o pior de todos os seus pesadelos, e, então, fechou os olhos para voltar a dormir. 
Você que gosta de dormir muito, incompreensivelmente fica com medo, pois logo analisou a situação e o local onde estava, acreditando que se voltasse a dormir poderia cair daquela altura e se espatifar no chão.

Começou a tentar ir em direção a rede e deitar-se lá até deus sabe quando. 
Mas o esforço o fez suar bastante e, era inútil, pois, a cada centímetro ‘andado’ a energia gasta era absurdamente grande tornando a ‘caminhada’ por demais desgastante e, pior, a rede parecia está sempre na mesma distância, ou seja, tinha a percepção, ainda que remota, de não sair do lugar.

Perdeu a conta dos passos dados, parou de contar em 66. 
O cansaço o abateu totalmente a ponto de não conseguir pensar em mais nada, nem em atitude alguma, a não ser ficar parado e deixar o tempo passar.

E aí lembra que não estás de férias e logo logo tem de tomar café pegar o carro e ir para o trabalho a quilômetros de distância. 
O negócio não anda bem, a empresa que você preside está no vermelho, endividada até a alma e os diretores já pensam em demitir algumas centenas de mães e pais de família, colaboradores seus que até o ano passado lhes davam lucro que era repartido igualmente a todos, mas a piora da situação da economia mundial parece não ter solução e você acha melhor que o mundo acabe, como num filme, sem sobrar nenhum ser humano na face da terra.

E aí você sente que sua respiração está lenta, mas o olfato está tremendamente aguçado, além de notar que era capaz de girar a cabeça de tal jeito que a cara pôde ficar nas costas. 
Voltando a cabeça para o peito você pensou: preciso dormir, estou com muito sono!

Vídeo_Música: 
The Robots_Kraftwerk
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17 de Setembro de 2016.

11 setembro, 2016

Céu cinzento


Sob um céu cinzento, gatos pardos transam no telhado.

Verde oliva na rua. 
Outra vez? 
Dessa vez, para desfile no dia 7, do antigo mês Sete. 

Cuidado: cães ladram na rua principal! 

Abismo desproporcional na capital. 
Uma casa, com um quarto, pra quatro… cem bocas! 
Muro alto, casa grande, pra dois… sem criança!

Tradição perpetuada. 
Inutilidades das verdades: Deus ajuda!

Ao acordar de madrugada: Cuidado: cães ladram na rua principal! 

Ah! O Sistema: Central, corrompido; Elétrico, falido; Nervoso, abalado. 

Não há remédio contra o mal. 
Aliás, ouça: samba, veja: futebol, pule: carnaval e: Tome soníferos! 
Durma bem – profundamente.

Os mortos vivem, sim! 
Vivo e vi! 
Vi os vivos, mortos! 
Moro e morro no morro, na orla, no condomínio, morro em qualquer lugar, pois sou de lugar nenhum e vou pra todo lugar!

Eis a hora da verdade: Cuidado: cães ladram na rua principal!

Cadê a saída? 
Está na porta? 
Está na janela?

Ei, psiu! 
Não durma! 
Não sonhe! 
Acorde! 
Você precisa acordar!

Cadê o amor?

Cuidado com o abismo! 
Abismo desproporcional.

Na rua principal: cadê os cães? 
Saíram? 
Caíram? 
Sumiram?

Fugiram daqui! 
Fugiram com o amor.

Liberte-se ou cale-se, para sempre!

Inspirado em: 
Gotham City_Jards Macalé.

Vídeo_Música: 
Gotham City_Jards Macalé
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17 de Setembro de 2016.

10 setembro, 2016

Cidade alegria

Mente sem destreza, corpo sem coragem, coração a palpitar, braços a vacilar, mãos a tremer e pernas que guiam para uma única direção. 

A crueldade atual, neste vão de tempo, parece implorar contos de alento. 
Avante! Com cautela, a espera de um momento propício, sem dizer besteira, e a cada segundo segurar um conto num canto da mente, em algum lugar profundo. 
Mas que de repente, tudo se torna um eterno silêncio, como num sonho de criança, inventando lugares, encontrando seres estranhos, uma verdade aqui uma mentira acolá, sem perder a esperança. 

Uma estória que parece história, não havendo lugar para a fantasia. 

Apesar do cansaço, sempre tentar desfazer o mal que fazia, para depois de algum tempo gozar de alegria. 
Assim, devagar e sempre, na cidade alegria, a casa está pronta, de laje sem garagem, invadida pela euforia de uma turma que bebia água da fonte, juventude que achava que tudo podia. 


De braços abertos, sonhando sempre, guardar na lembrança uma lua que irradia a trilha de um andarilho que deixou trilhas na cidade do encanto e da fantasia. 
Entrar em cena, apesar de “totalmente perdido”, aturdido, pagando por gado e recebendo gato. 
Cheiro forte de urina em cada esquina onde muita gente se alucina. 


Se fizerem perguntas deixar claro a resposta: jamais dizer nunca (o amor é para sempre). 


Se qualidades artísticas não vos satisfazem não é por falta de esforço. 
É oportuno lembrar, de anunciar, que as características, de um ser urbano, exceto o bon vivant, é a de ter prestígio, fama e ganhar muita grana. 
As despesas são altas e não recebes pelo que mereces. 
Estás no vermelho.

Para dormires tranquilo, fora de uma cela, e não temeres a sombra, é preferível vender o esforço por um salário que é quase como se estivesse trabalhando de graça. 


Apesar do tédio, de estar sentado num banco de praça a beira mar, é preciso fazer algo; conversar com quem está ao lado; seguir o rumo; talvez cair no mar. 
Mas já não há assunto; nem destino; nem mar sem poluição.

Vídeo_Música: 
O Canto da Cidade_Daniela Mercury
Disponível em: 
Acessado em: 
12 de Setembro de 2016.

09 setembro, 2016

A bifurcação

Meus vasos sanguíneos e minhas células sexuais se desfazem. 
Meu cérebro já não mais existe. 
Não há sinal da espinha dorsal.
 Já não tenho mais olhos. 
Sou agora centenas de células, e, em poucos instantes sou apenas uma. 

Na continuação da regressão divido-me em duas partes: uma é grande, a outra pequena. Sou agora parte de um Homem. 

Uma está em repouso, a outra em movimento. 
Sou agora parte de uma Mulher. 
No corpo de um Homem: sou um de seus menores elementos constitutivos. 
Já no corpo de uma Mulher: sou um de seus maiores.

Vídeo_Música: 
U Can’t Touch This_MC Hammer
Disponível em: 
Acessado em: 
13 de Setembro de 2016.

Navalhas afiadas

Um dia de verão, à sombra de uma árvore, num parque da cidade, contemplo o céu azul. 
Deixo o livro aberto em meu peito nu. 
Reflito sobre as palavras lidas, escritas, uns dias ditas. 

“Os hipócritas e os orgulhosos tentam por todos os meios multiplicar o engodo fácil do prazer. 
Os incautos, defensores, já sabem o que fazer”. 

É difícil evitar, impossível se afastar. 

“Não me alcançarão agora! 
Terão de esperar. 
A minha hora vai chegar, eu sei! 
Mas não agora, agora Não! 
Um dia me entregarei”.

Vídeo_Música: 
Sangue de Bairro_Chico Sciense & Nação Zumbi
Disponível em: 
Acessado em: 
13 de Setembro de 2016.

Regressão

Que coisa! 
Pareço estar nos meus tempos de criança e, certamente estou. 
Corro por entre móveis rústicos, televisões em preto & branco e vitrolas. 
Saio pela porta da casa ampla e arejada.

Passo por um belo jardim e vejo Dodge Darts, Ford Mavericks, Landaus e Karmann Ghias estacionados ao longo de uma rua arborizada e cheia de crianças gritando e pulando de alegria.

Vou regredindo, engatinhando entre paredes, sigo sorrindo em direção a um braço aberto que carregando lança-me ao alto sem largar minhas mãos descrevendo um círculo no ar, várias e várias vezes. 
E após parar essa ação choro querendo mais. 
Sou novamente puxado para cima – volto a sorrir.

Vou regredindo ainda mais. 
Sou abraçado com carinho e com afeto. 
Com todo cuidado me é oferecido um peito para saciar a fome. 
Sugo o leite com sofreguidão.
 Depois de um tempo sou balançado acompanhado de cânticos produzido por uma voz suave e bela.

Isso me faz adormecer – durmo o mais belo dos sonos nos braços daquela que me dá calor, abrigo e proteção.

Vou regredindo…

Vídeo: 
A Morte do Rei de Barro
Disponível em: 
Acessado em: 
12 de Setembro de 2016.

O ultimato

Acheguem-se! 
A missa vai começar em meio a Santos e orações: Anjos demoníacos.

Haja inveja, solidão e descaso. 
Num mar de mentes fracassadas muitos já desistiram da vida, alimentando a morte, manipulando pensamentos.

A ferrugem corrói os laços de amizade. 
O sistema continua a corromper a mais singela das belas criaturas. 
E, a humanidade está por um fio: suicídio, suicídio, suicídio! 

O Demo Ri!

Não adianta se esconder: o pânico predomina. 
Guerreiros aniquilados, desamparados, desempregados. 

Não há por quem lutar! 
Não há por quê lutar!

Entre muito choros, a mais pura alegria. 
A energia se esvai numa diversão sanguinolenta de brutal desproporcionalidade transparecendo ser bicho e gente, tudo igual. 
E o jogo, inda num tá no final.

O perdedor se alivia com a morte, o descanso eterno. 
O vencedor curte as regalias da vida: comida, bebida, fartura numa noite fria. 
E a cabeça rodando em meio a restos de cigarro. 

Que porcaria! 
Quanta porcaria!

Desde o nascimento, durante a vida e após a morte usufruir do bem-querer dinheiro, fama e poder. Mas assim não dá.

Deus desistirá!

 Deus já deu o ultimato, já deu o sinal, marcou a hora, marcou a data do final de uma era. 
Deus entregou a Terra ao Demônio. 
Deus entregou, também, os humanos.

E o Diabo, agora, está chamando um por um para prestar conta. 
E os que dele não compartilhar para Deus vai voltar.
 E quando para Deus voltar vais ficar de joelhos para se perdoar. 
Vais ficar rastejando, implorando, pedindo, chorando para A Deus voltar! 
O Diabo te responderá: Adeus! 
Não vais voltar: o inferno é seu lugar.

E os filhos do Demo já estavam acreditando que eram filhos de Deus! 
Já estavam se acostumando…, e, até gostando!

Vídeo_Música: 
Iron Man_Black Sabbath
Disponível em: 
Acessado em: 
12 de Setembro de 2016.

29 agosto, 2016

Sob controle


Oh vida! 
Oh céus! 

Levanto e bebo um café. 
Me preparo para ir trabalhar. 
Ao ligar o rádio ouço músicas e notícias. 

Quanto horror! 
Quanta mentira! 
Quanta besteira!

Me sinto cercado. 
Me dá vontade de evaporar!

Ao entrar numa loja, compro juízo. 
Encontro, de repente um guarda. 
Vejo, de repente um aviso: “Pavor Ser jovem!” 
Me torno executivo. 
Me prendo num apartamento. 
Subo na vida.
 Faço sucesso! 
Sou bem-comportado. 
Tento a fé. 
Sinto o ardor.

Sei qu’é tudo armação! 
Sinto-me imobilizado! 
Sinto-me controlado!

Saio do meu controle. 
Não mais o vejo.
 Tento tê-lo de volta. 
Recupero-o, mas, o perco. 
Sob todas as coisas. 
Sob tudo. 
Sobre tudo aprendo. 
Mas antes de tudo e sobretudo: estou sob controle, Total.

Inspirado em:
 Controle Total_Camisa de Vênus.

Vídeo_Música: 
Controle total_Camisa de Vênus
Disponível em: 
Acessado em: 
17 de Setembro de 2016.

27 julho, 2008

Ganhar ou perder

Quando não consigo alcançar uma meta, ou realizar um sonho, tendo a culpar alguém ou alguma coisa que me impediu de chegar ao objetivo. 
Se sou comandante de minha vida, como alguém pode ter culpa do meu fracasso?

É mais fácil culpar os outros. 
Dessa forma não reconheço meus erros. 
Mas esses erros fazem parte do meu crescimento. 
Reconhecê-lo não é sinal de fracasso, mas de vitória. 
Admiti-lo, é sinal de amadurecimento. 
Um passo para não voltar a cometer o mesmo deslize.

Avançarei rumo ao objetivo, sempre.

Às vezes tenho um desejo e deixo de realizá-lo por medo ou por vergonha do que os outros vão pensar. 
E aí deixo de fazer coisas para o meu crescimento.

Quando criança, ao aprender a andar, levei muitos tombos. 
Mas continuei tentando até conseguir. 
Cresci e comecei a me limitar. 
E parei de tentar. 
Hesitei, e hesito várias vezes. 
De agora em diante, pensarei no que é importante para mim, e quanto vale a pena tentar. 
Não me limitarei em função dos outros. 
Acredito que o resultado será importante.

Ganhar ou perder fará com que eu seja uma pessoa cada vez melhor.

Vídeo_Música: 
Dog eat dog_AC/DC
Disponível em: 
3 de Setembro de 2016.

21 julho, 2008

Noite

Noite: companheira, parceira, reveladora. 
Venero-te; contemplo-te.

Noite: verte Tua escuridão sobre mim. 
Serviçal dos eleitos. 
Régia, reges-me.

Noite: conhecida de muitos. 
Desajuizadora dos tolos.

Noite: irmã dos Deuses e Deusas. 
Leito de sono. 
Embaladora de sonhos. 
Das crianças descanso.

Noite: moldura de amor. 
Estou sob Ti. 
Com Te extasio-me. 
Alegro-me quando Tu chegas. 
Esplendoroso adorno do Universo. 
Manto de beijos secretos. 
Painel estrelado do sertão.

Noite: saibas que sou seu fã; seu eterno sacerdote. 
Oh! Rainha do espaço.

Noite: de infinito poder sobre os homens. 
Abaixo de Ti, todos. 
Agrupas corpos nus.

Noite: sinônimo de mulher. 
Chamas o sol.

Noite: escolhida dos poetas. 
Dos amantes, deslumbre. 
A cidade sob Te prostra-se. 
Não há luz que Te ilumine. 
Não Te clarearão jamais.

Noite: chave e porta de rituais.

Noite: onipresente. 
Tudo toca, tudo penetra. 
Não feres flores. 
Estrada da contínua existência. 
Derramas sobre os corpos Teu orvalho.

Noite: de Ti falem como nenhuma outra coisa.

Noite: de encantadora volúpia. 
Unes e desunes. 
Criadora do mundo; dona do silêncio; irmã da eternidade; livro dos profetas; lar dos loucos por amor.

Noite: tudo podes. 
Desejos realizas.

Noite: Rainha do Céu. 
Escritora das ocultas escrituras. 
Testemunha de sacrifícios.

Noite: Templo de repouso. 
Ministério da labuta.

Noite: companheira dos viajantes, professora dos notívagos, mãe da vigília, dona do neon.

Noite: amante da Lua, palco do amor.

Noite: assim seja para todo o sempre!


Vídeo_Música: 
Canto para a minha morte_Raul Seixas
Disponível em: 
4 de Setembro de 2016.