Imagine-se
num verão, em sua casa num condomínio afastado do centro de uma
cidade praiana.
Para você o pior momento da vida é o ato de
despertar e ter que levantar da rede postas entre duas árvores
colocadas no quintal arborizado.
Todas as vezes a mesma sensação o
persegue, não sente-se dono do próprio corpo.
Nesses
momentos preferiria ter nascido um animal selvagem sem
responsabilidade e ficar ali parado até quando percebesse uma real
necessidade de fazer algo.
E isso é recorrente.
Seus sonhos se
tornaram pesadelos.
Numa
manhã, depois de um sono mais agitados que os anteriores, viu seu
desejo se tornar realidade: agora você é uma enorme preguiça de
oitenta quilos, com dois metros de altura, trinta centímetros de
cauda, com três grandes dedos em cada pé e com unhas bastante
grossas compridas e curvadas.
Assustado grita: “vixe maria, e
agora?”, mas não ouve a voz sair nem a boca se mexer.
Agora
você está de cabeça para baixo trepado numa das árvores
visualizando a casa cujo número é 666.
Vê o laptop ali no chão e
isso o fez lembrar da pesquisa da noite anterior sobre o fim do mundo
e, também, de ter se inspirado e digitado um texto no qual se
imaginou no ano 6666 cara a cara com a besta do apocalipse.
Achou
tudo aquilo uma tremenda baboseira e o pior de todos os seus
pesadelos, e, então, fechou os olhos para voltar a dormir.
Você que
gosta de dormir muito, incompreensivelmente fica com medo, pois logo
analisou a situação e o local onde estava, acreditando que se
voltasse a dormir poderia cair daquela altura e se espatifar no chão.
Começou
a tentar ir em direção a rede e deitar-se lá até deus sabe
quando.
Mas o esforço o fez suar bastante e, era inútil, pois, a
cada centímetro ‘andado’ a energia gasta era absurdamente grande
tornando a ‘caminhada’ por demais desgastante e, pior, a rede
parecia está sempre na mesma distância, ou seja, tinha a percepção,
ainda que remota, de não sair do lugar.
Perdeu
a conta dos passos dados, parou de contar em 66.
O cansaço o abateu
totalmente a ponto de não conseguir pensar em mais nada, nem em
atitude alguma, a não ser ficar parado e deixar o tempo passar.
E
aí lembra que não estás de férias e logo logo tem de tomar café
pegar o carro e ir para o trabalho a quilômetros de distância.
O
negócio não anda bem, a empresa que você preside está no
vermelho, endividada até a alma e os diretores já pensam em demitir
algumas centenas de mães e pais de família, colaboradores seus que
até o ano passado lhes davam lucro que era repartido igualmente a
todos, mas a piora da situação da economia mundial parece não ter
solução e você acha melhor que o mundo acabe, como num filme, sem
sobrar nenhum ser humano na face da terra.
E
aí você sente que sua respiração está lenta, mas o olfato está
tremendamente aguçado, além de notar que era capaz de girar a
cabeça de tal jeito que a cara pôde ficar nas costas.
Voltando a
cabeça para o peito você pensou: preciso dormir, estou com muito
sono!
Vídeo_Música:
The Robots_Kraftwerk
Disponível
em:
Acessado
em:
17
de Setembro de 2016.
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